O que fazer em Doha, Catar, durante a Copa do Mundo

Se você está pensando se vale a pena ir ao Qatar para a Copa do Mundo de Futebol de 2022, este post é necessário para você, porque é exatamente sobre isso que vou falar, contando a minha experiência nessa cidade e trazendo dicas bem importantes!

Quando eu visitei o Doha, no Catar, tive uma bela surpresa com a cidade. Muito mais autêntica e interessante, por exemplo, do que Dubai. Os estádios da Copa estavam ainda em construção na primeira vez que visitei a cidade (isso em 2014), mas eu tive a sorte de conhecer uma pessoa local que me mostrou não só os principais pontos turísticos da cidade, como também aqueles mais locais e escondidos do grande público, e isso fez com que eu descobrisse uma Doha que talvez poucos venham a conhecer se seguirem só os roteiros turísticos mais padronizados.

Ah, se você prefere saber mais sobre Doha em forma de vídeo, com imagens, sugiro que vejam – agora ou depois – o vídeo que postei lá no canal do Youtube (abaixo). Caso prefiram ler, só seguir neste post:

A primeira coisa que você precisa saber é que o Catar, um pequeno país que só faz fronteira terrestre com a Arábia Saudita e é o país mais rico do mundo atualmente.

Mas o que realmente eu ia falar como primeira coisa é que Doha é uma cidade extremamente quente. Não adianta falar que é de Salvador, como eu, ou do Rio de Janeiro, ou do sertão nordestino (ok, aqui fica mais próximo): o calor de Doha é realmente INTENSO, mais intenso que outras cidades desérticas como Dubai e Abu Dhabi.

Contudo, na época da copa do mundo ela terá temperaturas “normais”, até frescas, variando entre 20 e 30 graus. Não é a toa que a copa do mundo saiu de Julho para Novembro, né ? Jogar futebol em julho por lá certamente causaria até mortes, sem nenhum exagero.

Além disso, Doha tem sua própria ilha artificial, como a famosa The Palm de Dubai. Por lá, a ilha se chama The Pearl e é uma jóia da engenharia mundial, onde já vivem mais de 50 mil pessoas, além de ser uma área repleta de marinas, cafés, restaurantes, shoppings, enfim, tudo que o turista tradicional mais busca.

O nome THE PEARL significa “A PEROLA”, representada logo na entrada da ilha por um monumento que simula uma pérola, e se você gosta de pérolas, ou quer presentear alguém com umas, saiba que o Catar é talvez o melhor lugar do mundo para você fazer isso: vai encontrar perólas em todo lugar, até mesmo nos mercados locais, como o Souq Waqif, do qual já já falaremos.

A ilha é dividida em distritos, cada um com um visual diferente, trazendo a arquitetura dos locais que representam.

São distritos como o ABRAJ QUARTIER, mais comercial e com as torres mais altas da ilha, o COSTA MALAZ, com arquitetura tipica de praias tropicas, O FLORESTA GARDENS, inspirada no Coliseu de Roma, o QANAT QUARTIER, super inspirado em Veneza, dentre outros. Aliás, a arquitetura e os cafés italianos marcam presença nessa ilha.

É um lugar artificial, de fato, mas que vale bastante a visita. É bom bonito e tem muita coisa interessante. E sem o calor infernal típico dos meses mais quentes de Doha, se torna ainda mais agradável.

Dois dos pontos de visitação da cidade que mais me chamaram atenção foram o Souq Waqif e o MIA – Museu de Arte Islâmica. Não sou aquela pessoa que rejeita museus em viagens, tampouco aquela que corre para visitar todos, mas independente de você curtir os objetos históricos que um museu normalmente possui, o MIA vale a visita até mesmo por sua bela arquitetura externa e interna!

Eu no M.I.A claramente com cara de sofrimento pelo calor
M.I.A por dentro

Vamos então falar um pouco mais do MIA. O Museu em si, ou seja, o seu acervo é bem interessante, já que guarda muita coisa bem conservada das sociedades mais antigas que viveram na região, que é um dos berços da humanidade. Mas o que mais impressiona mesmo, como disse acima, é sua arquitetura super interessante e bonita, além das vistas que temos da cidade de Doha, tanto de dentro do museu, como em suas áreas externas.

Vista de uma área interna do M.I.A
Imponente entrada do museu (e minha cara de sofrimento pelo calor)

Ah, e se você gosta de museus – aliás, mesmo se não gostar – vale a pena também visitar o Museu Nacional do Qatar, que tem uma arquitetura também impressionante e fica bem perto do MIA.

Do M.I.A, você certamente vai ver diversos barquinhos com aparência “tradicional”, antiga, e se for do seu gosto, também poderá fazer passeios nele, ou pela Corniche, que é a orla da cidade.

Corniche

Mas se você quer ter mesmo uma experiência local um pouco mais autêntica, você tem que visitar o Souq Waqif, que é o coração da cidade, já que é um mercado local a céu aberto, super antigo, onde beduínos traziam suas mercadorias – como ovelhas, cabras e lãs – para trocar por itens essenciais.

Uma grande vantagem desse mercado comparado a outros do tipo é que em Doha não há assédio com os visitantes e em segundo lugar, o Souq Waqif é perfumado, limpo e agradável, com uma arquitetura tradicional e muito bonita.

Souq Waqif

É lá também que você vai encontrar diversas Falcoarias, que é um dos esportes mais tradicionais do Qatar. Existe até mesmo um super hospital para esses falcões no local, o Souq Waqif Falcon Hospital.

E por falar em esportes no Catar, um dos lugares inusitados que visitei foi um Camelódromo. Isso mesmo, um Autodrómo para corridas de Camelo. E mais curioso do que isso foi que, do nada, dois locais pararam o carro do meu lado, me perguntaram de onde eu era, e quando falei Brasil, ligaram imediatamente à Copa do Mundo, já marcada para lá à época e que tinha acabado de acontecer no Brasil (Copa de 2014), e me convidaram para jantar na casa deles, um jantar tradicional arábe.

No meio do nada, dois locais me pararam, fizeram o convite e… Você aceitaria? Não faz sentido aceitar né?

Eu aceitei.

E ainda bem que aceitei, porque foi uma daquelas coisas que ficarão na memória para sempre, tanto pela experiência, comunicação com o povo local, como pela comida e pelo fato de que eles me mostraram todo o “back office” do mundo da corrida de camelos.

A experiência foi realmente incrível. Deu medo no início, quando colocaram eu, um amigo e uma amiga (inglesa, que morava lá e nos levou a vários locais interessantes) na “Casa de Jantar”, que é separado da casa principal, e demoraram um bocado para voltar, ficando aquele clima de suspense sobre o que iria acontecer.

Mas voltaram apenas os dois, com mais comida (já havia alguma coisa no local) e muita simpatia! Não falavam bem o inglês, quase nada na verdade, mas a vontade de se comunicar ajudou demais e tornou a noite bem agradável. Eram grandes fãs da seleção brasileira de futebol e, à época, criticaram muito o Fred e o Dunga rsrs!

Aliás, as pessoas lá são SUPER SIMPÁTICAS, e até um pouco ingênuas, de tão simples que são no trato pessoal. Outro ponto positivo de Doha.

Mas em um país riquíssimo, entupido de petróleo e localizado no Oriente Médio, você deve estar a se perguntar: cadê os arranhas-céus tipo Dubai, não tem ?

Pois tem sim, e proporcionam belas vistas, como você deve ter percebido até aqui pelas fotos acima. Os arranhas-ceus de Doha ficam na região de WestBay, a mais moderna da cidade. Não é pra isso que visito essas cidades, mas tenho que admitir que a harmonia entre o novo e o antigo em Doha é muito bonito e interessante, assim como em Baku, no Azerbaijão – tem vídeo de lá no canal também – e muito melhor do que Dubai, que preferiu esconder o seu passado quase que completamente.

Westbay visto de longe, à noite (a camera de Iphone da época ainda era bem ruim a noite, perdoem)

Outro lugar que minha amiga local me levou foi o Imam Muhammad Ibn Abdul Wahhab., que é a Mesquita Nacional do Qatar, mais um lugar imponente e impressionante de Doha, com várias coleções da Família Real Qatari, inclusive de carros antigos e outras tantas. Muito interessante mesmo.

Mas você está aí querendo saber um pouco mais da COPA DO MUNDO, não é mesmo ? E aposto que está preocupado sobre se vai poder beber cerveja no Catar, diz aí ?

Tenho uma boa e uma má notícia. Vou começar pela boa… sim, você vai poder beber. Aliás, mesmo fora da Copa do Mundo, você pode beber, mas exclusivamente em hoteis (de verdade, não tipo Dubai). E durante a Copa, acredito muito que em toda “Fan Zone” da Fifa a bebida estará liberada, o que não acontece no resto dos locais do Catar.

A má, ou as más notícias ? Um, é caro. Bem caro beber. Em 2014, um pint de cerveja custava quase 50 reais. 8 anos depois, e com o dolar bem mais caro, e com a cidade cheia para a copa do mundo, você pode imaginar quanto custará.

Talvez nos estádios haja algum tipo de redução de imposto, e fique caro só por ser preço Fifa mesmo. Mas não iria acreditando nisso… meu conselho é: prepara o bolso. Ou avisa ao fígado que vai ter racionamento de combustível.

E a outra má notícia eu já adiantei: por lá, você REALMENTE só bebe dentro dos bares de hotel, não há muita opção fora isso. De verdade, não pense que vai ter facilidade de “tomar uma” pela cidade, porque não terá.

Os estádios da Copa serão bem próximos, e como é um país minúsculo, com a população praticamente toda a viver em Doha, verá que poderá ir a todos os estádios sem muita dificuldade, sem ter que pegar longas estradas, voos ou qualquer coisa do tipo.

Mas voltando ao CATAR em si, quem já segue o blog ou o canal sabe que não sou aquele viajante que gosta muito de comprar os pacotões turísticos, fazer aquela viagem checkpoint, e aqueles passeios que os locais nunca fazem. Mas tem um que achei super interessante: um “safari” no deserto.

É quase como uma versão dos buggys de Cumbuco, no Brasil, mas em SUV´s, e que incluem passeio de Camelo, aventura dirigindo no Deserto. O vídeo de parte dessa experiência está no vídeo que coloquei acima, mas o fato é que é um passeio pelo deserto, com bastante velocidade (pelo menos aparente) e subidas e descidas de dar frio na barriga.

Além disso, esse passeio ainda inclui um banho de mar com vista para a Arábia Saudita! Realmente muito legal.

Um ponto bem triste do Catar também é visto no caminho para esse passeio: os maus tratos aos trabalhadores, que ficavam em uma região completamente isoladas da cidade, em containeres, e não se engane pelos ar condicionados, já que sem eles, as pessoas simplesmente morreriam.

Li reportagens que mostram que, em razão da pressão mundial, a FIFA pressionou o Catar e as condições melhoraram um pouco. Espero que continuem melhorando…

Outro lugar super interessante é o Katara Cultural Village, um grande complexo de entretenimento, que reúne mesquitas, shoppings, museus, restaurantes, cafés e muito mais, enfim, mais um lugar daqueles perfeitos para um turista passar o dia a passear, não é ?

Algumas dicas importantes: independente da Copa do Mundo, o Catar ainda é um país extremamente conservador. Então, não compare Doha a Dubai, por exemplo, em termos de conservadorismo, porque Dubai praticamente perdeu toda a sua tradição muçulmana, ao menos aos olhos do turista. Evite olhar demais para as mulheres de burca – e as verá muito mais que em Dubai ou até mesmo Abu Dhabi – ou, se estiver acompanhado, evite intimidades em público, por menores que elas pareçam pra você.

Para que tenham uma ideia, a primeira vez que visitei Doha, em 2014, era necessário visto e uma mulher somente conseguiria o visto se fosse casada, e com autorização do marido. E estou a falar de mulher brasileira mesmo, não da Arábia ou coisa assim.

Deixando de lado as questões humanitárias, que precisam melhor, e as culturais, que entendo que temos que respeitar, Doha é certamente uma das viagens mais completas e interessantes que já fiz, e olhe que fui em época de bastante calor, que quem segue o canal já sabe, é algo que eu não gosto. Uma cidade rica não só em dinheiro, mas culturalmente também, extremamente interessante, segura e divertida.

Mas e você, o que achou de Doha ? Vai visitar? Vai à Copa do Mundo 2022? Já visitou e tem algo a acrescentar ? Ou ficou alguma dúvida após ler o post? Qualquer dessas hipóteses, deixa sua participação aí nos comentários, se inscreve para saber mais sobre viagens, em especial destinos mais exóticos, e até a próxima viagem!

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