Aqueles que acompanham o blog-canal sabem que, recentemente, eu me mudei pra Portugal. Já recebi perguntas sobre o porque, como foi, pedindo para mostrar tudo aqui em Portugal, sobre saudades, como foi que consegui mudar etc., mas, também, sobre uma das coisas que mais me deixou preocupado nessa mudança.
Para quem ainda não sabe, eu tenho dois gatos. E trouxe eles comigo pra Portugal. Dois gatos, uma pessoa: essa já foi a primeira dificuldade. É possível, mas qual é o procedimento para levar os PETS pra outro país, em um voo internacional?
Vou te explicar o passo a passo abaixo. Se preferir em vídeo, com imagens, só assistir acima o vídeo que postei no meu canal do Youtube. Mas vamos lá.
PARTE 1 – Escolha da Cia Aérea
Pode parecer esquisito pra muitos, mas na minha opinião a escolha da aérea é, certamente, o primeiro passo. Isso porque, as exigências de tamanho, peso máximo, tamanho da caixinha de transporte varia demais entre cias aéreas.
No meu caso, por exemplo, eu somente conseguiria transportar Ragnar, que é um gato grandão, pela TAP – que aceita pets + caixa com até 8kg – ainda bem, porque era a que eu queria, já que tem o voo Salvador-Lisboa direto, que já é bem melhor do que com conexões.
Até a minha viagem, a Azul aceitava pets na cabine até um máximo de 5kg (atualmente aceita até 7kg), por exemplo, o que inviabilizaria minha ida, já que não pretendia de forma alguma deixar meus pets viajar no porão.
Então, ainda que não compre, escolha sua cia aérea, entenda o peso, veja se seu pet pode viajar nessa cia, quanto custa a “passagem pet”, se tem voos sem conexões ou com o mínimo possível, e a partir daí, passe para os passos seguintes.
Ah, observação: eu me preocupei muito com o tamanho da caixinha de transporte da TAP, que era MUITO baixa em altura. Levei uma maior, flexível, e não tive nenhum problema. Nem questionaram, então imagino que eles não sejam tão rigorosos, desde que seja flexível e caixa embaixo do assento da frente, onde eles tem que viajar.
PARTE 2 – Ainda no BRASIL
MICROCHIPAGEM e VACINA
O segundo passo é também algo que penso que deveria ser obrigatório no Brasil: microchipar seu pet. Aqui, como vou narrar minha experiência pessoal, vou me referir sempre a gatos, mas em geral é o mesmo procedimento para cachorros também.
Microchipar não é tão caro, não machuca, não incomoda e permite que qualquer um que encontre seu PET,se eventualmente ele fugir ou se perder, saiba exatamente quem procurar, além de se ele está vacinado, etc.. Por isso a exigência.
Um detalhe importantíssimo: você precisará microchipar seu PET ANTES de vacina-lo contra a raiva. Ainda que você faça as duas coisas no mesmo dia, como eu fiz – apesar de muita gente indicar dias diferentes, inclusive – o primeiro procedimento deve ser a microchipagem, e o segundo, a vacinação (que já será registrada no próprio chip).
Observar também o padrão do chip exigido no país de destino. Para Portugal, foi padrão ISO 11784 e ISO 11785.
R$ 180,00 o chip + vacinação.
PARTE 3 – Sorologia
Uma vez vacinados, você deve esperar no mínimo 30 dias (se possível, um pouco mais) para então fazer a Sorologia Antirrábica, que é basicamente um exame laboratorial que irá verificar se a vacina antirrábica realmente funcionou no seu pet.
O exame deve ser feito e enviado ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo) e o LANAGRO (Laboratório Nacional Agropecuário em Pernambuco) dois únicos no Brasil credenciados para realização desse exame pela União Europeia (eles terceirizam, então converse com o veterinário sobre isso, e veja se ele entende do que está fazendo, porque nem todos sabem o procedimento). O ideal é que você encontre um veterinário que já sabe o que fazer,
DETALHE: seu pet precisará ficar em jejum de 12h, já que para esse exame isso é super importante. Se ele não ficar, você corre o risco de gastar bastante com isso e o resultado do exame ser inconclusivo, de modo que você tenha que repeti-lo, e terá que pagar de novo.
R$ 1.200,00 por PET a consulta, a sorologia e a emissão do atestado que mencionarei no próximo item.
PARTE 4 – Contato inicial com a VIGIAGRO
Enquanto você espera o resultado da Sorologia, é interessante que você já entre em contato com a Vigiagro (Sistema de vigilância Agropecuária Internacional) que fica no aeroporto das capitais para que seja emitido o CZI (Certificado Zoossanitário Internacional).
Assim, você já poderá adiantar a documentação que já possui (Certificado de Microchipagem, Carteira de Vacinação e pedido de Sorologia) para que eles verifiquem o que mais pode estar faltando, e já informem qualquer outro procedimento que você poderá ter que fazer.
Se você já estiver com sua passagem comprada, já poderá agendar o atendimento, já que este terá que ocorrer com no máximo 10 dias de antecedência da viagem.
PARTE 5 – Documentação em mãos – Obtenção do CZI
Uma vez recebido o resultado do exame de Sorologia, vá ao seu veterinário buscar os originais (se não tiverem sido enviados diretamente a você) e fazer a consulta prévia à viagem, que é importante tanto para que o VET garanta que seu PET pode viajar, como porque ele precisar emitir um Certificado de Saúde (que terá validade de apenas 7 dias).
Assim, com o certificado de saúde e a sorologia, além dos demais documentos que mencionei na parte 4, você irá para seu agendamento na VIGIAGRO, que irá emitir o CZI.
PARTE 6 – Avise ao Aeroporto de Destino
É prudente e eficiente que você também envie um email ao orgão equivalente ao VIGIAGRO do país de destino. Eu fiz isso, enviando o CZI, informando que seriam 2 PETS, número do voo etc., e eles já estavam “me aguardando” quando apareci lá.
É importante fazer isso para evitar que, na sua chegada, o órgão esteja fechado, e você tenha que ficar no aeroporto esperando alguém aparecer, além, é claro, de agilizar o atendimento.
PARTE 7 – A VIAGEM
Essa é pra mim, sem dúvida, a parte mais tensa. Eu levei água e comida, além de petiscos na minha mochila, mas meus 2 gatos praticamente não comeram desde o início da viagem. É importante que você leve, porque jejuns prolongados demais não são saudáveis para gatos, então qualquer coisinha que comam e bebam já ajuda.
Da chegada ao aeroporto, até a chegada na casa em Portugal, foram pelo menos 16 horas: 3 horas de antecedencia do voo, 8h de voo, 3 horas de imigração (dei muito azar nisso), mais uns 50 minutos entre malas e liberação da vigilância portuguesa, mais o caminho até a casa.
Pra minha surpresa, eles ficaram bem quietinhos o voo todo, aparentemente menos assustados do que imaginei, e aguentaram a fila de imigração melhor até do que eu, mas que dá dó, dá. 16 horas dentro da caixinha de transporte…
A única hora que eles sairam da caixinha, foi para passar no detector de metais: você vai, necessariamente, ter que tirar seu pet da caixa de transporte e passar com ele nas mãos, para depois recoloca-lo, do outro lado, na caixa. Para quem tem cachorro, deve achar isso super tranquilo. Para quem tem gatos, sabe que será um momento tenso tirar seu gatinho no meio de um aeroporto, com o bicho já assustado. Eu coloquei uma coleira neles e passei com a coleira presa no pulso, para evitar que, assustados, eles pudessem fugir e se esconder em algum lugar.
Mas eles voltaram pra caixa até com facilidade, já que se sentiam mais seguros lá.
O chato foi que, no aeroporto de Salvador atual, tive que fazer isso DUAS VEZES, já que você faz para entrar na área restrita de embarques em geral, e depois faz para entrar na área restrita de embarques internacionais.
Parte 8 – Sua chegada
Eles irão ler o microchip de cada animal, registrar a chegada deles, verificar a documentação e emitir uma, digamos, autorização de entrada do pet.
Isso tudo é cobrado, e me custou 80 euros pelos 2 PETS.
Depois disso, passei pela alfandega e nem sinal de ninguém querer fazer sequer uma pergunta sobre os pets, foi bem tranquilo.
Vencida essa parte da odisseia, entra outra, que depois disso tudo, parece bem tranquila, e é: a adaptação dos PETS à sua nova casa.
No início, foram direto pra debaixo da cama, bem assustados. Mas com o tempo, foram acostumando (vejam as imagens no vídeo do canal)
Pois é, eu usei difusor do FELIWAY logo que cheguei, e acho que ajudou muito, porque rapidamente Cheese e Ragnar estavam relaxados no quarto, voltaram a comer e, já na primeira noite, já estavam passeando pelo quarto, olhando pela janela etc.
No meu caso, essa casa era provisória e, quando mudei pra definitiva, fiz o mesmo procedimento, e também em menos de 1 dia eles estavam tranquilos novamente. Em 2 ou 3 dias, estavam adaptados.
FINAL
Custo total de aproximadamente R$ 2.000,00 por animal mas, sinceramente, conseguir traze-los com saúde e o mínimo de stress possível é o que realmente importa, e o alívio no final dessa viagem é bem grande, ao ve-los adaptados e tranquilos novamente.
Se você, como eu, está aflito sobre a viagem com seu PET para outro país, posso dizer que, na prática, foi bem mais tranquilo do que eu imaginava, tanto para mim, quanto pra eles, então, siga o passo a passo com o máximo de antecedência possível, faça de tudo para conseguir leva-los na cabine consigo, e você passará bem por essa experiência. Se ficou mais alguma dúvida, deixa aí nos comentários, não esquece aquele like se o vídeo foi útil pra você, se inscreve no canal para mais dicas de viagem e… até a próxima viagem!
Deixe um comentário